#TORTURA DO SONO – PARTE II

O sono de um bebé é um tema complexo e que tem muito por explorar.
Se são novos aqui no Blog, vão perceber que este é o capítulo II de uma história longa, cujo final ainda é uma incógnita, mas que eu espero que seja breve (e feliz!).

A primeira vez que vos escrevi sobre o sono da Alice foi em Janeiro deste ano, tinha a Alice acabado de fazer 4 meses:

https://missfitteam.wordpress.com/2020/01/11/tortura-do-sono/

Se, até então, os sonos dela nunca tinham sido muito bons, nessa altura pioraram drasticamente.
As sestas, as noites,… Não havia uma soneca que não fosse precedida de birra, choro, stress da mãe e da bebé,…

Ouvi falar sobre a “Regressão dos 4 meses”. Li e estudei sobre ela.

https://forbabiesbrain.com/mas-afinal-o-que-e-a-regressao-dos-4-meses/

Ouvi relatos de outras mães que me tentaram tranquilizar, mas o mês de Janeiro foi um total inferno!

O início do ano também não foi propriamente calmo.
Muitas viagens Porto-Lisboa, um casamento e batizado a ser organizado em tempo recorde, muitas sestas a terem de ser feitas no carro…
O contexto não era favorável.
A Alice não tinha uma rotina de sono, horas certas para dormir, e sendo uma bebé muito atenta e interessada em tudo, todos os dias eram uma descoberta e um motivo para se manter bem acordada a conhecer o mundo.

#4 aos 6 meses
Dos 4 aos 6 meses, posso dizer que a Alice não fez uma sesta que não fosse no colo.
Para além da dificuldade em adormecer, que implicava sempre muito embalo, cantigas e, sobretudo, paciência, as sonecas raramente duravam mais do que 30 minutos.

Era uma frustração constante. A Alice cansada, eu desgastada pela dependência dela e saturada por não ter um bocadinho só para mim.

Em sintonia ao cenário do dia, as noites também não estavam fáceis.
Os despertares recorrentes de 2 em 2 horas ganharam força, a inquietação da Alice durante a noite aumentou, e sentíamos que cada vez descansávamos menos.

Ela acordava com muita facilidade. Parecia incomodada com a nossa presença e com cada movimento nosso.

Desde que nasceu que a Alice dormia no nosso quarto, passando a noite entre a nossa cama e o berço de co-sleeping (“next to me”).
Partilhar a cada com ela passou a ser impossível. Mexia-se imenso, as perninhas não paravam um minuto, e os pontapés e “agressões” involuntárias passaram a ser constantes.

Sempre que ela despertava, oferecia-lhe maminha, e deitava-a no berço, já meia a dormir, a rezar para que ela ficasse, sem birras e sem despertar.

Foram meses muito duros, de uma família cansada, a pensar que teria de fazer qualquer coisa para melhorar a rotina e acalmar esta situação insustentável.

#+ 6 meses
Marcamos uma nova visita à Dr.ª Andreia Neves, para partilhar as nossas angústias e para ela nos tranquilizar e orientar na nova realidade.

https://instagram.com/andreianeves_sonoinfantil?igshid=1pr0vr3pfj340

Ouviu- nos, atenta, como sempre, perguntou como nos sentíamos, e foi sugerindo algumas mudanças que podíamos tentar aplicar, tendo em vista o maior descanso de todos.

A primeira coisa de que me falou, foi da associação “sono-maminha”.

A Alice já tinha feito os 6 meses de amamentação exclusiva, estava a crescer bem, ia começar a introdução alimentar e não havia motivo para dar maminha sempre que ela despertasse.
Isso iria permitir não só, que ela se desligasse gradualmente da necessidade da maminha para dormir, mas também abrir espaço para o pai “entrar em acção” e dar descanso à mãe, pelo menos, num dos despertares da noite.

Outros dos pontos que abordamos foi a possibilidade de mudar a Alice para o seu quarto.

Muitos dos seus despertares eram provocados pelo nosso movimento e sentíamos que ela descansava melhor no primeiro período da noite, quando ainda não estávamos no quarto.

Também percebemos que a proximidade dela não nos ajudava.
Bastava que fizesse algum tipo de ruído ou movimento, que a nossa (mais minha…) reacção  era a de perceber se ela estava bem, oferecer a chupeta, tentar readormecer…
Esta minha intervenção poderia estar a ser contra produtiva.
Ela, possivelmente, até teria a capacidade de readormecer sozinha, mas acabava por despertar sempre que sentia a mãe por perto.

Três dias depois da nossa consulta com a Dr.ª Andreia, a realidade Covid-19 instalou-se e fechámo-nos em isolamento social.

O regresso a Lisboa para a nossa casa principal adiou-se e ficámos em quarentena no Porto, na nossa “actual segunda casa”, onde o quarto da Alice nem sequer estava completo.

Este abanão de realidade fez-nos protelar a introdução das mudanças, mas percebemos que estávamos perante uma oportunidade única de acertar as rotinas!

#Ao ritmo da Alice
A principal lição que a quarentena me deu, é que a nossa vida se orienta ao ritmo da Alice.
O tempo voa. Os dias são agitados e é ela quem dita as regras cá em casa.

Há momentos para dormir, há momentos para comer, e apesar de tentarmos fazer tudo quase sempre nos mesmos timings, ela troca-nos muitas vezes as voltas.

Ainda não conseguimos definir um horário de sestas e refeições. E acredito que, se ao final de 1 mês e meio de isolamento, isso ainda não foi possível, nunca será.,,

Mas já fizemos alguns progressos!

Temos uma hora para despertar de manhã e uma hora para deitar à noite.
Também já temos a primeira hora de sesta garantida (apesar de nunca sabermos qual será a duração…)

Ainda estamos a acertar o número de sestas, e o horário das refeições. Mas devagar vamos conquistando alguma regularidade.

Num dia bom:

  • 07h00-07h30 – Despertar
  • 09h00-09h30 – Sesta da manhã
  • 11h30-12h00 – Almoço
  • 13h30-14h00 – Sesta da tarde
  • 15h30-16h00 – Lanche          
  • 17h30-18h00 – Sesta final do dia
  • 19h00-19h30 – Jantar
  • 20h00 – 20h30 – Deitar

O número de sestas varia muito consoante a duração da mesma.

Há dias em que a primeira sesta é muito curta, a Alice acorda ao fim de 30 minutos visivelmente cansada e é necessário fazermos uma segunda sesta ainda antes do almoço.

A sesta do final do dia também é sempre uma incógnita. Muitas vezes não acontece e a Alice aguenta-se mais rabugenta até à hora de deitar, que às vezes se antecipa para as 19h00-19h30.

Há dias que correm muito bem, e há dias que correm muito mal.
Sem nenhuma mudança na rotina, sem nenhum motivo aparente.
Há dias em que a Alice recusa qualquer sesta até à hora do almoço e chega ao início da tarde exausta e com muito mau feitio.

Também conseguimos iniciar a mudança da Alice para o quarto dela.

E escrevo “iniciar” propositadamente, porque esta mudança é um processo que vai ocorrendo dia a dia, sem muitas expectativas, com alguns regressos pontuais ao quarto dos pais, sempre que a Alice está mais resmungona ou sempre que o coração da mãe está mais apertadinho…

#Rotina do sono
Seja de noite ou de dia, o lugar do sono da Alice agora é sempre no quartinho dela.

Chegada mais ou menos a hora do sono, ou o momento em que ela dá os primeiros sinais de cansaço, vamos para o quarto, fechamos a persiana e deito-a no colchão que improvisamos no chão, com as devidas protecções.

Se ela estiver muito agitada ofereço-lhe maminha, mas tento que ela não adormeça ao meu colo.

Deito-a, explico-lhe que é hora de ir dormir, e fico sentada ao lado dela à espera que adormeça.

Às vezes é desesperante!

Ela está excitadíssima, inquieta, mexe-se, vira-se, e vou-lhe dando o seu tempo, tentando interferir o mínimo possível e deixando que ela se torne independente no processo de adormecer.

Tanto pode demorar 5 minutos a adormecer, como mais de meia hora…

Estou a tentar implementar o processo do livro “10 Dias para ensinar o seu filho a dormir”, que muitas mães me recomendaram.

Fico perto dela, dou-lhe alguns mimos, tento que tranquilize, mas que acabe por adormecer sozinha.

Mantemos o mesmo “ritual” durante a noite.

Só me levanto se ela acordar a chorar. Se estiver a palrar sozinha, aguardo para ver se sossega sozinha e acaba por adormecer.
Muitas vezes os bebés tem a capacidade de se acalmarem sozinhos, mas os pais intervêm cedo e não lhes dão tempo.

Confesso que às vezes me custa. E custa muito.

A angústia de a ouvir na minha cama e não ver o que se está a passar, de aprender a confiar nela e na sua capacidade de adormecer sozinha, é um processo que tem exigido muito do meu coração de mãe.

Não temos intercomunicador na casa do Porto e, por vezes, penso que é melhor assim, para não acentuar a minha tendência de querer controlar tudo e aumentar ainda mais o meu estado de alerta nocturno.

Já fizemos grandes progressos no “adormecer sozinha”. E Já conseguimos que todas as sestas sejam na caminha dela.

Falta-nos agora acertar os despertares nocturnos.

A Alice já nos deu três noites santas com apenas um despertar, mas, em geral, o início da noite, mesmo no seu quarto, é muito agitado, sempre com dois ou três despertares.

Tenho aprendido a não oferecer sempre maminha, mesmo sabendo que isso atrasa o processo de readormecer durante a noite.
Dou-lhe maminha em intervalos de +/- 5 horas para que ela não associe sempre os despertares nocturnos ao leite materno.

Uma coisa que tenho aprendido ao longo destes dias, é que, com força de vontade, é possível ajudarmos os nossos bebés a dormir melhor.

Exige muito de nós, implica algum sacrifício e sobretudo muita paciência!
Mas devagarinho vamos lá chegar!
(Pelo menos até à “Regressão dos 8 meses” que está aí a chegar, ou até terminar a quarentena e voltarmos a Lisboa, para uma nova vida, sem os pais por perto 24h…)

Um dia de cada vez!

Um grande beijinho para todas as que partilham as mesmas dificuldades de sono aí por casa.
Mariana – @missfit.insta

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